Querido, luz de minha madrugada
Um dia, quem sabe, uma poesia possa se amadurecer e se tornar viva dentro das coisas
Amo você até quando o tempo envelhecer e fundar uma dinastia com brasão e aparato militar
Não me diga nunca para parar, pois quando eu parar, eu me sento nessa pedra e não me levanto nunca mais
Estar com você é viver num outono sem fim
É sair pelo centro de São Paulo de mochila e se deliciar sem pudores com o açúcar e com o sal
Olhe-me aqui novamente amado
Debruçada sobre o seu corpo como os antigos mineiros nas minas de Ouro Preto
Eles catavam ouro, eu cato sabores tanto nas suas regiões mais públicas quanto nas mais abissais
Você é para os vivos, amado
Com você eu desprezo os medos, vivo sem ansiedade, alimentada e esguia... bronzeada e sadia
alegre qual o bendito escritor que se casa com seus romances por décadas a fio
É importante nesse tempo de descrença e de tantos automóveis nas ruas ter alguém para chamarmos de "bem-amado"... você é esse alguém... estou rica!
Cíntia.