quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um pouco mais de inocência, por favor.

Não tenho vivido em um momento muito racional não, apesar da razão ser indispensável nele. Bom, o que eu quero dizer com essa frase altamente imbecil e insignificante é que hoje não vou escrever nada sensato, vou deixar aqui uma poesia que escrevi, apenas isso. Sei perfeitamente que meus sentimentos mais escondidos não interessam a ninguém, mas acho que em um mundo tão complexo ainda é necessário palavras sempre.


Querido, luz de minha madrugada
Um dia, quem sabe, uma poesia possa se amadurecer e se tornar viva dentro das coisas
Amo você até quando o tempo envelhecer e fundar uma dinastia com brasão e aparato militar
Não me diga nunca para parar, pois quando eu parar, eu me sento nessa pedra e não me levanto nunca mais
Estar com você é viver num outono sem fim
É sair pelo centro de São Paulo de mochila e se deliciar sem pudores com o açúcar e com o sal
Olhe-me aqui novamente amado
Debruçada sobre o seu corpo como os antigos mineiros nas minas de Ouro Preto
Eles catavam ouro, eu cato sabores tanto nas suas regiões mais públicas quanto nas mais abissais

Você é para os vivos, amado
Com você eu desprezo os medos, vivo sem ansiedade, alimentada e esguia... bronzeada e sadia
alegre qual o bendito escritor que se casa com seus romances por décadas a fio

É importante nesse tempo de descrença e de tantos automóveis nas ruas ter alguém para chamarmos de "bem-amado"... você é esse alguém... estou rica!

Cíntia.

domingo, 9 de maio de 2010

Só as mães são felizes

Minha mãe é a melhor lembrança que tenho da minha infância. Se estivesse à beira da morte, poderia dizer que ela foi a melhor lembrança de toda a minha vida. Coragem, atitude, bondade, dedicação. Se pudesse descrevê-la em palavras soltas, estas fariam parte da lista.
Era verão no Rio de Janeiro, e estávamos indo à praia de Copacabana num típico dia de férias. Minha mãe costumava ficar no mesmo ponto da praia, em frente ao Copacabana Palace. Chegamos, e ela fez tudo o que sempre fazia, como uma espécie de ritual: abriu a cadeira de praia, posicionou o guarda-sol milimetricamente ao lado da cadeira e estendeu a canga sobre a areia, pra que eu pudesse ficar ali.
Na barraquinha de sanduíches da Dona Regina tocava um daqueles axés que eram sucesso garantido nos verões dos anos 90. Eu adorava. Peguei meu baldinho e comecei a fazer meu castelo de areia. Eram inúmeras as tentativas até que chegasse à minha perfeição. Duas torrezinhas, com um toque especial: o palito do picolé de morango que minha mãe sempre comprava pra mim. Era o meu favorito.
Hoje, quinze anos depois, não faço mais castelinhos de areia e aquele picolé de morango não existe mais. Mamãe e eu trocamos as horas sentadas na areia da praia por caminhadas pelo calçadão, mas ela continua a mesma. -- “Presta atenção, filha. Come direitinho, senão você vai se sujar” -- Exatamente a mesma frase de quando eu tinha 4 anos.
Dizem que mãe é tudo igual. “Põe o casaco”, “Já escovou os dentes?”, “Liga quando chegar”. É como se todas tivessem feito um curso ou lido um manual sobre o que fazer e falar. Talvez seja instinto, como aquela leoa que protege sua cria a qualquer custo. Só sabe quem é.
Engana-se quem pensa que só as mães vem embaladas com discurso pronto. Os filhos também. “Pô, mãe. Não exagera”. “Já sei. Não precisa repetir”. “Mas todo mundo vai!”. Perdi a conta das vezes em que lancei, em minha defesa, este último argumento e recebi um “Você não é todo mundo” como resposta.
Ah, as maravilhas da proteção materna! Chá quente na gripe, o beijinho no local dolorido, o abraço durante a tempestade, a atenção incondicional. Cazuza estava certo quando disse que amor demais não atrapalha. Um filho rejeitado nunca conserta a cabeça, enquanto um superprotegido está limpo. E é assim que eu me sinto.

Ana C.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Batendo um papo com São Pedro...

São Pedro manda nuvem pro Sul...
São Pedro manda nuvem pro Sudeste...
São Pedro esquece de mandar nuvem pro Nordeste
São Pedro com o Norte é regular, ele já tem problemas
demais para enfrentar!
São Pedro!
Se concentra e manda nuvem pro Centro-Oeste,
Lá tem muita sujeira pra lavar
São Pedro manda nuvem pra Brasília
Lava a alma daquele lugar!
Eita lágrimas de crocodilo derramadas!
Eita lágrimas interpretadas!
Cê num tá vendo nossas lágrimas???
Não as deles, as nossas!!!
São Pedro, não tema!
Isso fazemos nós, você resolve os problemas...
Um dilúvio em Brasília, Uma arca de Brasília...
Todos concentrados em um barquinho...
Ah se fosse Titanic, a se eu fosse Moby Dick,
Mas depois de 40 dias tudo volta ao normal...
Aquela pomba infeliz cagando no meu quintal...
Ela me mostra que a sujeira voltou...
E então eu acordo...
e tenho uma estranha vontade de comer pizza...
Quer um pedaço, São Pedro?

Samara.

sábado, 1 de maio de 2010

Com o pé atrás

Quando soube, de fato, sobre do que se tratravam as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), pensei: "Isso nunca chegará na Zona Norte". E tive uma grande surpresa.
Na última quarta-feira (28), foi instalada uma unidade no morro do Borel, na Tijuca. No mesmo dia, o governador Sérgio Cabral falou sobre a paz que esta operação trará à população tijucana e, sobretudo, à comunidade da favela ocupada com a oitava - OITAVA - UPP instalada na cidade. A primeira foi no morro Santa Marta, em Botafogo.
Porque será que as primeiras ocupações foram justamente na Zona Sul? Reflita.

Ana C.