Minha mãe é a melhor lembrança que tenho da minha infância. Se estivesse à beira da morte, poderia dizer que ela foi a melhor lembrança de toda a minha vida. Coragem, atitude, bondade, dedicação. Se pudesse descrevê-la em palavras soltas, estas fariam parte da lista.
Era verão no Rio de Janeiro, e estávamos indo à praia de Copacabana num típico dia de férias. Minha mãe costumava ficar no mesmo ponto da praia, em frente ao Copacabana Palace. Chegamos, e ela fez tudo o que sempre fazia, como uma espécie de ritual: abriu a cadeira de praia, posicionou o guarda-sol milimetricamente ao lado da cadeira e estendeu a canga sobre a areia, pra que eu pudesse ficar ali.
Na barraquinha de sanduíches da Dona Regina tocava um daqueles axés que eram sucesso garantido nos verões dos anos 90. Eu adorava. Peguei meu baldinho e comecei a fazer meu castelo de areia. Eram inúmeras as tentativas até que chegasse à minha perfeição. Duas torrezinhas, com um toque especial: o palito do picolé de morango que minha mãe sempre comprava pra mim. Era o meu favorito.
Hoje, quinze anos depois, não faço mais castelinhos de areia e aquele picolé de morango não existe mais. Mamãe e eu trocamos as horas sentadas na areia da praia por caminhadas pelo calçadão, mas ela continua a mesma. -- “Presta atenção, filha. Come direitinho, senão você vai se sujar” -- Exatamente a mesma frase de quando eu tinha 4 anos.
Dizem que mãe é tudo igual. “Põe o casaco”, “Já escovou os dentes?”, “Liga quando chegar”. É como se todas tivessem feito um curso ou lido um manual sobre o que fazer e falar. Talvez seja instinto, como aquela leoa que protege sua cria a qualquer custo. Só sabe quem é.
Engana-se quem pensa que só as mães vem embaladas com discurso pronto. Os filhos também. “Pô, mãe. Não exagera”. “Já sei. Não precisa repetir”. “Mas todo mundo vai!”. Perdi a conta das vezes em que lancei, em minha defesa, este último argumento e recebi um “Você não é todo mundo” como resposta.
Ah, as maravilhas da proteção materna! Chá quente na gripe, o beijinho no local dolorido, o abraço durante a tempestade, a atenção incondicional. Cazuza estava certo quando disse que amor demais não atrapalha. Um filho rejeitado nunca conserta a cabeça, enquanto um superprotegido está limpo. E é assim que eu me sinto.
Ana C.
nossa alice, adorei o layout!!! ^^
ResponderExcluirtemos q consertar o quem sou , para mostra vc eu e a luiza...
bjaum